quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Livro: Crônicas do Urso (27)

Urso ~~ Capítulo 19 ~~ Uma base ou uma caverna?

O Urso passara uma semana lá, cuidando do morcego e ajeitando o máximo possível da caverna. No dia seguinte a chegada do Urso lá, algumas caixas apareceram na frente da caverna. O Urso nunca soube como elas chegaram lá. Dentro delas tinham muitas coisas: ferramentas, mantimentos, produtos químicos, material de construção, e um manual de instrução. O Urso não entendeu a princípio, mas depois de vasculhar o interior da caverna e descobrir toda a extensão dela e da "base" da NASA, ele soube o porquê.
Então, para esclarecer, a caverna era dessa forma: a entrada, já dita, é como uma caverna comum. Se estende num arco, parecido com uma gruta, e fica numa saliência na terra que nem chega a ser uma montanha. Se você caminhar sempre para frente, verá apenas o "fim" da caverna. Talvez, se enxergar bem e tiver sorte, você ache algo diferente entre as rochas. Algo como um interruptor muito bem escondido. Se acionado, vai abrir uma passagem lateral um pouco acima, no lado esquerdo da caverna. Essa passagem, estreita a princípio, logo mostra-se curta e desemboca num amplo espaço, onde antigamente ficava uma espécie de "sala de boas-vindas". no lado oposto de onde ficaria a entrada natural da caverna, há 3 entradas diferentes. Quando foi construído, uma levava há um lugar onde eram guardados mantimentos, a do meio levava a uma sala de experimentos e a última, a direita,  levava à sala dos arquivos. Agora, a passagem para os arquivos estava comprometida e tudo indica que seu interior também. Parece que quando abandonaram o local, destruíram tudo que poderia vir a ser perigoso deixar lá. A passagem do meio estava intacta, mas não podia se dizer o mesmo da sala de experimentos. Não havia nada guardado lá, e estava tudo um pouco destruído. Era um laboratório muito bagunçado. A única sala "impecável" era a dos mantimentos. Apenas o sistema de refrigeração estava quebrado. Bem, essa era a "base" da NASA. Não havia naves, nem alienígenas, nem qualquer coisa que parecesse uma base da NASA, mas era. Na verdade, todos pensavam naquilo mais como um posto avançado. E agora estava ali, abandonado. Apenas morcegos habitavam o local, entrando por fendas ali ou lá. E, agora também, o Urso.
O Urso passou em torno de 4 cuidando do morcego, trocando o sistema de iluminação por aquele que veio nas caixas, trocando fusíveis, consertando peças diversas, e tapando fendas. Exceto uma, pois tinha medo de morrer sufocado dentro daquele lugar. No fim desses 4 dias, a caverna agora estava "apresentável". Não dava para se queixar. Então, o restante da semana, ele passou cuidando do morcego, que agora não o olhava sempre com olhos vermelhos, e a cada vez que o Urso o alimentava seus olhos iam mudando para uma coloração amarela. O Urso também estava estudando aquele local. Na sala inicial, a das "boas-vindas", ele fez cozinha, quarto e sala. Na área dos mantimentos, o Urso achou uma nascente e depois de muito esforço e trabalho, fez uma pequena plantação. Mas só depois ele percebeu o quanto seria inútil, pois a maioria das plantas comestíveis precisavam do sol ou de calor. Quando estava consertando o sistema de resfriamento e aquecimento, ele viu algo escondido entre as pedras. Era algo que haviam inventado a muito tempo. Um mini-sol. Havia algo também no topo daquele lugar, e o Urso sabia que aquele mini-sol ia naquele lugar. Já vira seus irmãos maiores funcionarem na base principal, e eles serviam como fonte de energia para grandes trabalhos. Mas aquele ali, pequeno como era, ia servir para fornecer energia suficiente apenas para uma plantação. Era perfeito. Então, depois de algum tempo, ele conseguiu posicionar o mini-sol lá no local onde ele se acoplava, e ajustou horários para ele ficar ligado e desligado. Quando o Urso estava limpando, tinha achado uns tonéis com algum tipo de combustível. Agora ele sabia para o que aquilo servia. O mini-sol não ocupava muito, e aquilo ia durar e sobrar até o Urso achar mais. 
O Urso ajeitou o laboratório também. A princípio ele não iria utilizá-lo, mas era bom deixar a postos. Por fim, faltava o banheiro. Antigamente ele ficava na sala dos arquivos, mas agora, o caminho e toda a sala estava comprometida. Então o Urso criou uma passagem na primeira sala, e fez até um encanamento para não ficar sujo por lá. Feito tudo isso, o Urso se sentia orgulhoso de si mesmo. O morcego estava melhor, e e ele podia soltá-lo. Nos últimos dias, ele já levantava um pouco de voo, mas não se mantinha. Então, agora curado, ele deu uma enorme volta ao redor da caverna, e parou na fenda que o Urso havia deixado aberta. Ele estava com os olhos verdes, muito claros. Mas quando se virou, como se fosse uma despedida, seus olhos pareciam azuis. E então ele se foi.
- Nossa, nem um obrigado. - Um dos fantasmas do nada disse.
O  Urso estava se acostumando:
- Bem, aposto que ele tá com saudades do lar.
- Mas o lar deles não era aqui?
Lá fora ouviu-se um enorme guicho. E muitos outros se fizeram ouvir depois disso.
O Urso e o fantasma se entreolharam.
Na floresta, uma massa preta de morcegos se dirigia rapidamente para a caverna.
(CONTINUA...)

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