segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Livro: Crônicas do Urso (21)

Urso ~~ Capítulo 15 ~~ Uma chegada e outra partida ( Parte 1 )

O Urso desembarcou do avião, e se despediu de Lodro, que seguiu outro caminho. Tinha sido uma viagem e tanto, e agora ele estava quase em seu destino. Calculava que poderia ficar em torno de uma semana onde estava, e mais uns dias na próxima parada antes de seguir rumo à base da NASA no sul. 
Como a cidade onde ele se encontrava era mundialmente conhecida, e era ponto de referência do país, além  das praias e, enfim, tudo isso e mais aquilo, o Urso resolveu se hospedar num hotel e foi dar uma voltas. Era um lugar lindo aquele, cheio de seres diferentes. Lembrava um pouco Levanti, com a variedade e até com a brutalidade de tudo. 
Os fantasmas acompanhavam o Urso todo o tempo. Agora eram como vozes na cabeça, mas mesmo assim não incomodavam. Rogers já conseguia separar as coisas. Ou pelo menos tentava.
Numa dessas tentativas, que acabava de se mostrar falha, ele esbarrou em um ser do tamanho da pata do Urso. Ela foi arremessada ao chão, mas levantou-se logo em seguida:
- Ei! Cê não olha para onde anda não? - E ainda resmungou baixinho, enquanto afastava o pó das roupas, e das asas - Palhaço...
- Me desculpe, estava com a cabeça em outro lugar. Permita-me ajudar e..
- Não! - Interrompeu ela bruscamente, e depois de um jeito mais delicado falou - Eu me ergo sozinha.
- Bem, - O Urso passou a pata pela cabeça - eu estou de passagem por aqui. Você podia me dizer alguns lugares bons para se visitar?
- Desculpe....
- Rogers. Ou Urso.
- Desculpe, Ursinho. - Ela sorriu maliciosamente, com um pequeno toque de deboche - Mas tenho que me apressar para um encontro contra o aumento de impostos de seres inacabados do submundo. 
- O quê é isso?
- Não tenho tempo para explicar. - Disse ela voando e se afastando rapidamente. - Talvez a gente se esbarre novamente por aí. - Ela riu.
- Ei, pelo menos diga qual o seu nome...
Ela olhou para trás, e antes que sumisse em meio a multidão, gritou:
- Você pode me chamar de Ninfinha. - E deu uma leve piscada.
O Urso, ficou um tempo parado. O que foi tudo aquilo? Um dos fantasmas, que olhara tudo e ainda continuava olhando para onde a Ninfa havia sumido, falou:
- Ela me lembra uma pessoa da minha família.
Outro fantasma olhou rapidamente para ele: 
- A Ana?
- Sim.
- Tive a mesma impressão. - E voltou a olhar atônito para frente.
O Urso acordara do pequeno transe, e virou-se para o primeiro fantasma:
- Quem é a Ana?
- Bem... Qualquer dia te conto. A-acho melhor a gente continuar a viagem.
O Urso olhou para o céu, num gesto de desistência. Estava sem muita paciência. O sol já estava se pondo, e ele estava com fome. Caminhou até o primeiro restaurante que viu e sentou-se numa mesa qualquer.
Fez o pedido, e estava esperando ele chegar, quando viu uma pequena discussão numa mesa próxima entre um casal. De repente a mulher se levanta, e de forma agressiva sai do bar. O homem, que até então apenas estava argumentando, sem nunca demostrar falta de controle e nem de humor, simplesmente pegou sua bebida e a bebeu vagarosamente. Soltou um breve suspiro. O Urso percebeu então que a mulher o havia jogado alguma coisa em seu peito, e ele estava encharcado de vermelho. Como ele não aparentava estar muito bem, o Urso foi até lá conferir:
- Olá, desculpe me intrometer, tudo bem com o senhor?
- Ah, sim, tudo bem sim. - Viu a expressão do Urso, e falou calmamente - Isso aqui é só molho de tomate, ela me jogou ainda mais cedo. Ah, mulheres...
- Bem... - O Urso não sabia o que falar, mas sentiu que aquele humano tinha algo diferente dos demais - Me chamo Rogers, ou Urso, como preferir. Sei que pode achar estranho, mas quer se juntar a mim? Não conheço nada daqui e eu preciso de um guia. Tô sentado ali na frente.
- Não, tudo bem. Não me parece que tu sejas alguém "estranho". E eu até aceitaria, porém dessa forma é inadmissível que eu fique na rua. Bem, me chamo Ralf. - Estendeu a mão ao Urso, que a apertou - Se quiser conhecer a cidade, volte aqui amanhã. Como é feriado e eu não tenho treino, poderei te ajudar com isso.
Se despediram, e, mais tarde, no hotel, o Urso tentava dormir. Era um cidade enorme, e não parava nunca. "Amanhã será um dia cheio" pensou, antes de pegar no sono.
(FIM DA PRIMEIRA PARTE)
(CONTINUA...)

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