segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Livro: Crônicas do Urso (20)

Urso ~~ Capítulo 14 ~~ Aviões são sempre assim?

Rogers estava desmotivado depois da semana que passara em Brasília, e havia embarcado num avião até o litoral do país novamente, para relaxar e poupar tempo. A viagem iria demorar algumas horas, e o Urso não estava nem um pouco cansado. Sentou-se numa das poltronas, e ficou sento atormentado pelo seus fantasmas:
- Eu falei para ti que ela não era uma boa... - Falou um dos fantasmas, que agora se chamava Kalau, em homenagem a sua família.
- Fecha essa matraca, não adianta nada falar isso agora e... - Começou o segundo fantasma, que fora nomeado como Kalaboka, devido ao seus modos para seus companheiros.
- Vocês querem só ficar quietos um instante? - Rogers falou sem se importar muito com seu tom de voz. Os fantasmas se olharam, pegaram o Bidji no colo (ele estava dormindo) e saíram de fininho. Sabiam que o Urso deveria ficar um tempo sozinho. O Urso estava entristecido, afinal, havia se envolvido muito, e agora estava ali, desolado. Durante algum tempo, ficou assim, olhando para o nada. Então, um jovem ser humano se aproximou dele:
- Oi, acho que aqui é o meu lugar...você poderia...dar licença? - Falou o jovem com um pouco de timidez;
O Urso despertou de seus pensamentos:
- Ah, sim, claro. Me desculpe. - O Urso mudou-se para a poltrona correta.
O jovem sentou-se, ficou um tempo calado, virou-se para o Urso e falou, esticando o braço:
- Olá, me chamo Lodro. Trabalho num banco muito famoso de onde eu venho, não sei se você conhece, se chama...
- Não, não. - O Urso interrompeu, gentilmente. - Não estou interessado no banco, muito obrigado.
- Ah, não, você se confundiu, só quero criar intimidade para ficarmos amigos. - Lodro sorriu - Eu estou meio tenso, não costumo viajar de avião. Como você se chama?
- Me chamo Rogers, ou se quiser  pode me chamar de Urso. 
- Prazer. - Lodro sorriu novamente. 
Os dois começaram a conversar e isso fazia que o Urso não pensasse em coisas que ele queria esquecer. E ainda fez um amigo humano.
Na metade da viagem, durante uma ida ao banheiro, um robô, que o Urso conhecia indiretamente, o interrompeu no meio do caminho:
- Com licença, você saberia me informar se viu um gato humanoide por aqui?
- Não vi não...
- Ah, ok, muito obrigado..
- Ei, eu te conheço?
- Ah, me chamo Kazuo, trabalho numa empresa no norte do país. Mas acho que o senhor está me confundindo, não lembro de  conhecer o senhor.
- Bem, algo em você é familiar... 
- Desculpe, tenho que ir. - E aquele robô foi se afastando, com ose estive com muita pressa.
O Urso deu de ombros e voltou ao seu assento. Encontrou Lodro brabo e com a camisa molhada.
- O que houve?
- Alguém esbarrou em mim enquanto eu pegava um café, e nem parou pedir desculpas. Eu não acredito! - Lodro estava realmente enfurecido.
Então o Urso olhou para frente e viu alguém se dirigindo pra porta. O sentido de Killer do Urso estava aguçado, e isso fez com que ele sentasse rapidamente e colocasse o cinto. Olhou novamente para a criatura na porta do avião, a qual estava tentando abrir. Ele tinha orelhas felpudas, era peludo... era um gato! Um gato humanoide. E então, tudo foi muito rápido. A androide de antes gritou para aquele felino parar. O gato olhou para ela, e abriu a porta, não se sabe como. Tudo o que estava solto no avião foi sugado para fora. Comidas, bebidas, alguns objetos portáteis, e enfim o gato, a androide e uma aeromoça infeliz. Então alguma coisa bateu na porta com tanta força que a fez voltar para o lugar onde estava. Em meio a gritos e choros, o Urso estava parado, com os olhos esbugalhados, preso na cadeira. Seus fantasmas, que haviam voltado, estavam da mesma maneira.
Mais tarde, o avião estava pousando, e Lodro continuava a dizer que nunca mais viajaria de avião. O Urso só assentia com a cabeça. Não conseguiu falar nada até chegarem no aeroporto.
(CONTINUA...)

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